sexta-feira, 15 de abril de 2011

Personagem




A noite está fria,
Sinto a mão dos ventos por meus cabelos.
Os olhos da lua refletindo nos meus.
Fico parada em um transe profundo, causado pela magia da escuridão;
Não posso chamar de trevas, nem dizer que estou com medo.
A única presença que sinto é de uma paz imensa,
Que me toma da rotação mórbida do mundo.
Que me chama para o abstrato, que me leva para o invisível
Por uma ponte que liga esses dois mundos:
O perfeito e o meu.

Se queremos mais por que não fazemos,
Pois temos mãos?
Se estamos insatisfeitos por que não mudamos,
Pois temos livre arbítrio?

Seria porque fazer a mudança exige mais de uma pessoa?
Ou seria porque não somos capazes de mudar?

Chegou a hora, eu cansei.
Finalmente olho para trás, olho o que eu fiz.

Junto tudo em uma porção,
E vejo que essa é - essa foi - a vidinha miserável que levei por muito tempo.
A vida que os outros admiram e,
Que hoje, eu repudio.

Porque gastei minhas forças, conseguindo tudo isso;
Agora que tenho, já sem forças, não posso desfrutar de seus prazeres materiais,
Se é que ainda posso falar essa palavra.

Me recupero do transe, não por completo
Pois não sei se um dia conseguirei isso.

Sento no chão, sinto o sereno e o orvalho
a consolarem-me,
Acomodando minhas costas cansadas.
Meus olhos, cobertos pelas pálpebras caídas.

Minhas mãos,
Mapa de minha própria vida.
Meus cabelos, agora já grisalhos.

Traços do tempo, marcados em uma pessoa.

Quando chegamos a esse ponto
Realmente nos perguntamos:

VALEU A PENA?

Ou vale mesmo é o que estou sentindo agora?

Passei anos tentando comprar a felicidade,
E hoje a descubro nas coisas mais simples.
Coisas que por mim passaram várias vezes e,
Eu não notei.

Não notei que a felicidade me acenava.
E hoje,
Tento contar minha vida a ela.
E ela marca hora.

Poema escrito por Vanessa Abreu Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário